Tem Cachorro na Cozinha

domingo, 12 de dezembro de 2010

O que EU penso sobre a criação de cães


Ps:quando falo o "que EU penso" significa que estou apenas expondo MEU  ponto de vista. O que está dito aqui, é apenas a minha opinião acerca de criadores de cães. Não representa a verdade absoluta. Afinal de contas, eu não sou dona da verdade :)


É ‘sabido’ por todos que os ‘bons’ criadores de cães estão a todo o momento lutando pela melhoria genética das raças que criam, selecionando os melhores exemplares e cruzando-os entre si, a fim de preservar algumas características físicas que lhes são convenientes. O que seria isso, se não a definição de eugenia? No entanto, eles não gostam do termo - pensam estar sendo comparados a Hitler.


Para mim, no campo dos criadores de cães, a eugenia pode tomar duas vertentes: a benéfica e a maléfica (olhando para o bem estar do animal). Com a prática da eugenia, pode-se facilmente diminuir a incidência de uma dada doença genética que certa raça tenha predisposição. A exemplo, temos a displasia dos Goldens Retrievers. Evitar o cruzamento entre cães com resultado positivo para displasia coxo-femural não deixa de ser eugenia. No entanto, esta prática trás benefícios PARA OS CÃES que nascerão. Ainda com toda a discussão sobre esse tema, alguns criadores insistem em cruzar animais com displasia porque estes possuem características relevantes para se conseguir títulos em uma exposição de beleza (Aqui, concordo com Tula, com o que ela disse nesse post). E é ai que entra a parte maléfica da eugenia, na criação de cães: priorizar títulos em campeonatos em detrimento da saúde dos animais. E não se engane: isso é MUITO comum no meio da criação.

Hoje, temos ao nosso redor verdadeiros ‘Cãokensteins’: raças que não conseguem fazer a monta sozinhos, raças que não conseguem parir, raças que não podem correr... Enfim, há uma infinidade de características que nem de longe representam algum tipo de benefício para o animal. Como isso aconteceu? Selecionando e cruzando animais que melhor atendessem às vontades dos juízes de exposição, sem pensar na saúde dos filhotes que nasceriam. E o pior de tudo que vejo em relação a isso é que tal idéia foi tão banalizada que é comum ouvirmos: ‘Meu cãozinho não pode subir escadas, que passa mal. Mas é normal na raça: eles têm o focinho muito curto.’(A incapacidade de um cão fazer esforços físicos simples, como subir uma escada não é nem nunca foi normal. Pode ser COMUM à uma raça, mas normal, não!). E coisas desse tipo são muito melhor aceitas por ‘tutores responsáveis’, que adquirem seu filhote em canis renomados, do que a seguinte frase: ‘Meu cãozinho não tem uma patinha. A mãe (uma cachorrinha de um amigo meu) comeu enquanto limpava o filhote.’. Isso soa muito pior do que a primeira frase. ‘Claro, seu amigo é um irresponsável. Ele não deveria ter cruzado a cadela dele. Olha só a consequência... Quantas vezes é necessário repetir que acasalar cães é trabalho de criadores?’.

O que mais me indigna é isso: o fato de nascer um cão deficiente, por conta do acaso (Sim, acaso! Qualquer cadela inexperiente pode comer a pata de um filhote enquanto o limpa), é muito menos aceito e muito mais criticado do que o nasccimento de um cão doente, FABRICADO por criadores de cães, com consciência de todos os problemas de saúde que aquele cão pode ter. Essa banalização das fábricas de ‘Cãokensteins’, sem o mínimo de preocupação com o bem estar dos animais, e todo seu aceite e apoio por parte da sociedade é que me revolta. Me revolta saber que estão sendo colocados no mundo, intencionalmente, cães com predisposição grande a problemas de saúde e que isto está sendo muito bem aceito, apoiado e defendido pela sociedade (muitas vezes, de forma inconsciente). E me revolta ainda mais saber que donos de cães, muitas vezes por ignorância, são coniventes e financiam, de maneira direta, essa situação.

Espero, sinceramente, que a saúde e o bem estar dos cães sejam colocados em primeiro plano, acima de qualquer coisa, principalmente de padrões de beleza.

Sushi: minha SRD, sem pedigree, porém saudável – pode brincar, correr, nadar, pular,
sem passar mal, como qualquer outro cão deveria poder.

Só para complementar, sugiro a leitura deste texto.

E deixo uma pergunta, que há muito não me deixa sossegar: Por que um cão que nasceu com o rabo maior do que o padrão cita deve ser castrado e um cão com predisposição a outros problemas deve ser reproduzido? Por que reproduzir um bulldog com o corpo quadradão demais, se com isso ele terá mais chances de desenvolver uma lesão medular? Porque reproduzir um shihtzu com o focinho curto demais, se com isso ele tende a ter síndrome braquicefálica? Porque reproduzir um golden com displasia? Veja exemplo aqui, no Canto dos Bichos e, em outro blog da Ful, um comentário sobre "Os Segredos do Pedigree", aqui. Então, isso me leva a pensar que existe uma incoerência no blábláblá feito por muitos criadores. Fica claro que o que pesa é a estética. O que pesa são os títulos em exposições. O que pesa é a opinião dos juízes. O que seria isso? Vaidade? Talvez. Eu aceito dias de jejum nas que querem ser modelos. Aceito até mesmo as chinesas que fazem suas cirurgias ortopédicas para ficarem mais altas. Afinal de contas, elas tem todo direito em fazer qualquer besteira que seja com seu próprio corpo. Mas juro que fico indignada quando coisas do tipo são feitas com cães. Mas, como diz meu sogro: “Tem gente que só tem o lado de fora.” O pior de tudo é que estão passando essa frase adiante nos cães...



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7 comentários:

  1. gostei demaaais .
    só faltou citar o documentário segredos do pedigree, pra ilustrar bem o que vc ta falando..

    bjos

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  2. Poe minha assinatura nesse texto, please!

    Concordo em gênero e número (quem sabe português sabe que não existe grau).

    Queria saber o porquê de uma pessoa criar um cão que não pode:
    - correr;
    - andar de avião;
    - montar;
    - parir;
    - amamentar;
    - etc, etc, etc

    Na natureza isso já teria sido extinto, mas exister MUITAS raças assim.

    Então pior que a inseminação, a cesária, semanas em cima de filhotes para amametar e mãe não sentar em cima é uma pessoa pagar 4, 5 mil reais num cão desse.

    Só sei que hoje posso dizer:
    ODEIO EXPOSIǘAO CANINA COMO ELA SE APRESENTA HOJE

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  3. Oi, Bianca ;) um dos links que mandei é do blog de Fulvia, falando justamente do Segredos do Pedigree.. Depois vou postar o vídeo do documentário aqui ;)

    Tula,
    pois é. Não consigo entender como criam (Criar no sentido de fabricar) cães assim. Já vi o york adulto de uma amiga morrer com traumatismo craniano porque caiu de uma cadeira. Detalhe: ele pesava menos de 800gr quando adulto. Agora me diga: Pra que fazer esse tipo de coisa? Pergunto "pra que" porque "o porquê" eu sei: ainda tem muita gente no mundo que compra cães assim...

    Bjos

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  4. Voçê é muito light, raças não são obra da mãe natureza, são obra do homem, engraçado que todo mundo critica os trangenicos e compra cãesteins!!!
    Eu acho que as raças tinham que acabar. Começando pelos pitbuls, que deveriam todos ser esterilizados. Quem ama e respeita os cães adota SRD.
    Yanê

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  5. Olá, acabei de conhecer o seu blog. Achei algumas de suas opiniões interessantes, mas com outras não concordo, rs.
    Mas, em resposta à Yanê, por que as raças deveriam ser extintas? E por que especialmente os pit bulls? Você acha que eles são assassinos, por isso?
    Os criadores RESPONSÁVEIS só acasalam pits mansos e vendem para gente que vai cuidar bem. A imagem do pit bull foi sendo denegrida com o passar dos tempos... mas por quem? Criadores irresponsáveis. Eles fazem rinhas de cães e fazem com que os cães sejam mais agressivos.
    E sobre as raças... algumas raças realmente não deveriam existir. Tem gente que cria uma nova raça igual à outra, só que esta nova tem uma novidade: o rabo curto. Ou o pelo de outra cor. WHAT? Isso não precisa mesmo, totalmente desnecessário, não ajuda em nada aos cães.
    Mas existem várias raças, uma diferente da outra. Podemos prever o comportamento de cada cão que vai nascer porque a raça tem um padrão: físico e comportamental.
    Determinada raça é determinada para pastoreio, outra para guarda, outra para guia de cegos e etc... isso que realmente é bom e não deve ser banido. ;)

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  6. Olá, Isabella =)

    Seja bem vinda ao blog. ;)

    Também concordo que algumas características das raças devem ser preservadas, tornando cada raça mais adequadas para cada atividade. O que não concordo é priorizar algumas características de cada raça em detrimento da saúde do animal =)

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  7. Aaah sim... E eu gosto de cães de raça também. Aliás, eu gosto mesmo é de cachorro. Independente de qualquer coisa. Dos vira lata, dos de raça... =)

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